Predição
Com olhos nervosos,
Boca particularmente ansiosa,
Chegou até mim.
Com garras de quem reza para em pecado cair,
Suspirou em meu ouvido:
- Tenho esperado por tanto tempo,
Passado as noites sozinho,
Sentindo falta do seu gosto
Queimando minha garganta. -
Fugi do arrepio que o roçar dele faz questão de incendiar.
Há tempos que pressinto o final trágico
Desta avalanche emocional que somos.
Nosso destino: Um dejá-vu!
A proximidade inevitável
Dos corpos munidos da química perfeita,
Da equação sem balanceamento
(X Desejo – Y Realidade = Fracasso).
Agarrei minha vontade,
Travei-a:
- Para que esperar alguém que nunca irá chegar,
Se tantas outras camas existem para saciar? –
Passo dele,
E as línguas já dançam:
- Pois são os seus lábios
Que me assombram em sonhos. –
Cansei de negar.
Nos olhos castanhos dele é que me rendo.