BOM TE VER
Bom te ver assim de novo
Nesse traje vistoso, elegante,
Esse vestido colado ao corpo,
Esse colo expondo desejos alheios,
E essas ancas curvas e insinuantes.
Bom ver esse rosto bonito,
Esses olhos que vêem muito além,
E essa boca que já me disse tanto,
Esses lábios que tanto já beijei.
Olhando-a circulando dentre tantos,
Inevitável a memória desfolhar,
E te lembro nua e inteira minha,
Com todas essas curvas só pra mim.
E as lembranças continuam em passeio,
E viajo nas noites que eram nossas,
E me vejo no teu corpo ávido e oferecido,
Esbaldo-me em tudo que ele me permitia,
No afã de te dar tudo que merecias.
À distância olho suas coxas quase descobertas,
As lembranças me lançam muito além,
Lembro quando a descobria e você gostava,
Quando a apalpava e você gemia e delirava,
E dos teus suspiros quando eu ousava mais.
Sei tudo e muito bem o que o vestido esconde,
Sei tudo que tem por detrás dessa distinta altivez,
Lembro em lascívia da fêmea agora tão senhora,
Que gritava quando eu a tinha sob mim e a amava,
Em êxtase que agora só vejo em teu lúdico olhar.
E se me olhares outra vez lambendo os lábios,
Perderei o arbítrio, a libido ditará meus atos,
Darei um só sinal e a esperarei teso lá fora,
E a pegarei pelas mãos e a levarei comigo,
E reviveremos, por apenas uma noite que seja,
As loucuras que esse corpo tanto já me propiciou.