Convém
Convém que eu fecho
meus olhos tristes
e pinte a noite iluminada,
solitária de Van Gogh.
Convém que os clarões
em névoa, que estampam
a dor incessante,suavizem
a escuridão dessa tristeza.
Convém que eu eternize
os sonhos: porcelana azul.
Flores, matizes, cores:
aurora em vitrais.
Convém que eu creia,
acredite no luar
permamente que ilumina
a maresia do seu ser.
Convém que meus passos incertos,
suspiros em nuvens de angústia,
sigam seu caminho-constelação:
estrelas e mistérios...
Convém que seu silêncio noturno
fale-me de amor eterno.
E acorde os meus sentidos dormentes.
E me faça renascer, na madrugada...
Convém que meu olhar
seja a Vida que lhe falta.
O meu sorriso, o oxigênio, o ar
que tanto precisa para viver.
Convém que eu esboce riscos e rabiscos:
minha alma em palavras.
E que você, agora,
compreenda...