VERSOS ETERNOS
Por um momento repentino e por razões que ignoro;
Eu choro ao relembrar o grande amor da minha vida;
E a cicatriz adormecida é despertada por um lamento sonoro;
Negando-me o que imploro: que tal lembrança seja menos dolorida!
É claro que estou vivo e desde então segui o meu transcurso;
Porém seria mentiroso um discurso de paz mediante tal ausência;
Foge-me à consciência razão que explique tão elevado custo;
E ainda hoje me assusto com a dimensão dessa carência!
Talvez por ter sido tão incapaz de mentir para mim mesmo;
E não perder o gosto do começo, ainda que amargando o nosso fim;
Quando me vejo assim, noto que ainda transito a esmo;
Inalando teu cheiro, que ainda inunda meus pulmões de jasmim!
Sei que agi corretamente ao não cair pela sarjeta a lamentar;
E novas chances soube dar, para não soterrar o meu acesso interior;
Mas quando penso nesse amor, consigo novamente te inventar;
Pois não há como comparar, tal como o riso e a dor!
Já não seria novidade, se esquecido eu me tornei;
Mas agora eu lembrei que muitas vezes nos chamamos de eternos;
Sequer restaram vultos fraternos e o que sobrou de mim nem sei;
Mas asseguro que eu te eternizei no coração e nos meus versos!
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