SEXO à GRANEL

Eu espalho as revistas incertas

da teimosia

nesta prisão moral,

eu calço nos dedos os olhos

afiados

pelo canto do sabiá,

a noite e o dia

são pólens

escorrendo dos sexos

que o gênio pinga no mar

o cego tateia na alameda

as estrelas

apagadas

do Paraíso,

longe das certezas das delegacias

só o exagero

é verdadeiro no amar,

porque eu te corrompo

e te prostituo na arena

e o meu amor

é cada vez mais surpresa,

não importa o que se mova

ao longo dos muros

na escuridão,

eu sei o que se esconde

embaixo da batina dos cardeais,

o sexo à granel

é uma realidade

que o dinheiro

ainda pode comprar,

eu sei disso

meu olhar

é uma flâmula

costurada

pelo som do mel

engasgado

na única infância permanente:

a saudade desvairada