Sem chão
Foi-se assim a esperança. Saiu batendo portas, deixando um eco, rastro de nada.
Sequer percebi, enquanto sonhava, que o sonho tal e qual se havia ido, pego carona no vácuo daquela fresta.
Foi-se, como a poeira desenhada à luz que desaparece quando o olho se fecha.
Eu cria num mundo farto à frente, num solo fértil, numa terra segura, numa história feliz; tudo se foi.
Foi com o simples forjar de palavras, tão claro mesmo para os olhos mais cegos! Que som audível me emudeceu...
Sob os pés, nada. No peito a sensação de que é preciso aprender a flutuar.
Calibrar com as mãos as lâminas que sinto dentro e cortar o vazio, cortar a mim mesma e não cortar nada...