O sabor do amor
 
Meio dia e quarenta minutos.
Eu leio um poema do Loures
E como pipoca doce da Emilia.
Olhos minhas unhas roídas,
Que teimam em serem roídas!
Ouço a distância,
Uma musica apavorante em louvor a um certo Jesus
(Gritos horrorosos, quase uma crucificação!)
Incomoda-me,  a luz que me cega
Que susto,  pensei que fosse... Outra coisa!
(Entrando pela janela)
Mas é a mesma coisa de sempre, o sol,
Em plena luz:
Caridoso
Bondoso
Afetuoso
Primoroso
E totalmente nu!
 
Em derredor bananas me olham!
(parei com a leitura!)
A poesia terminou;
Onde iniciou,
Nos olhos de boneca.
volto-me e encaro as bananas
(brilhantes, e felizes)
São bananas ouro, vindas da caçandoca
Do canteiro do seu Pedro
De quem não faço segredo
É ele, meu pai um bom velho mateiro
 
Por fim, cedo!
Comer-te-ei banana
Comerei tua terra
Comerei teu ar
Comerei tua cor
Comerei o suor das mãos de quem te colheu
E por fim serei eu e tu banana no gineceu da terra
 
Novas bananas
Novas pipocas
Novos poemas

E o velho temor:
quem são estas estranhas gentes
Que apertam frutas nas feiras?

Elas choram?
elas riem?
Elas rimam?
Elas conspiram?
Elas lamentam?
Elas plantam?

Elas serão sementes?
Ou... Morrerão cascas?

 
 
 
 
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 10/04/2010
Reeditado em 11/04/2010
Código do texto: T2188702
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