CATAVENTOS
A incerteza é nossa companheira constante
e graças a ela caminhos são abertos
em busca de respostas,
trancas são derrubadas para abrir portas.
Viver sem isso seria
o caos do tédio total e insuportável.
Somos frágeis cataventos
à espera de uma brisa
que nos acaricie
e mova as nossas asas
sempre que se quedem silenciosas;
sendo ondas que vão e vêm...
nos navegamos em barcos ao acaso
ainda que imaginemos ter rotas traçadas.
E precisamos ver no olhar do outro
a nossa própria imagem confirmada.
Na boca do amado,
o beijo esvoaçante ou sôfrego
buscado em lufadas de vento arisco;
sopros de vida movendo moinhos
nas respirações ofegantes dos amantes;
vento norte, vento sul, revoadas
de pássaros em manhã recém-nascida;
na boca do espanto a queda infinita
girando, girando, cataventos...
vivendo, indo e voltando, momentos...
aqui e ali, de tudo, fragmentos...