Geometricamente não amado

Ouvi teu canto.

Contemplei teus cantos.

Estive grudado aos teus ouvidos,

estive atado à tua boca,

mas não fui percebido,

nada foi ouvido,

nada foi amado.

Amei teus encantos,

amordacei-me,

sufoquei-me,

contive os gritos,

amei calado, como convém a um poeta.

E nessa peregrinação sentimental,

entre cantos e encantos,

sugerindo objeções,

fusão diminuta de corações,

acabamos, geometricamente afastados,

seno da vida à fora, hipotenusa da solidão sofrida.

E tudo permaneceu...

Tu, ainda rosa angelical, canta os encantos a ouvidos alheios.

Eu, ainda conveniente, ouço o bater das minhas batidas mais desastrosas.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 09/04/2010
Código do texto: T2187703
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