Geometricamente não amado
Ouvi teu canto.
Contemplei teus cantos.
Estive grudado aos teus ouvidos,
estive atado à tua boca,
mas não fui percebido,
nada foi ouvido,
nada foi amado.
Amei teus encantos,
amordacei-me,
sufoquei-me,
contive os gritos,
amei calado, como convém a um poeta.
E nessa peregrinação sentimental,
entre cantos e encantos,
sugerindo objeções,
fusão diminuta de corações,
acabamos, geometricamente afastados,
seno da vida à fora, hipotenusa da solidão sofrida.
E tudo permaneceu...
Tu, ainda rosa angelical, canta os encantos a ouvidos alheios.
Eu, ainda conveniente, ouço o bater das minhas batidas mais desastrosas.