Beija as flores
você vai ver,
beija-flor,
vou ver o que?
como?
como vai você,
cheirosa e dengosa?
Ah, sim !
aí eu fiquei curioso
é sobre cantar pra vccê
já estou até me sentndo feliz
risos
eu devia ter dito
você vai ouvir e não vai ver
nossa,
estou ansioso
então vai firme
estou preparado
pra você
quer dizer
pra tua voz
e tuas cantadas
cantarei para você dormir
e não para mantê-lo acordado
para me manter acordado
terei que acariciar
as cordas sonóras
do teu corpo violão
arrancar gemindos harmônicos
em melodias sussurradas
num acalanto
então não dormiremos
segue nessa melodia
a sintonia do nosso riso
acariciando cada pensamento
velejando a nossa escala musical
e então cantarás
em claves de sol
para me despertar
dentro do teu amor
belo, belíssimo
belissíssimo
sentir as moléculas do ar
se latejando
com as carícias do teu olhar
me envenenando
com o canto de sereia
em consonância
com a tua silhueta
vibrando e se contorcendo
num tango argentino
num forró nordestino
num frevo á flor da pele
em plenas ruas de Recife
cheia de linhas e curvas
perpendiculares
e paralelas
tridimensionando
o teu seio
de arara
e de bela
será que se um dia estivermos frente a frente
vou fazer poemas assim como que esse?
será?
será que
se tivermos frente a frente
não irei trocar a caneta
pelos dedos afiados
e ecrever um recital
à flor da tua pele?
será?
será então
que ainda assim
nascerá dentro de ti
a rima mais perfeita
e teu corpo respirará
o suor poético
do suspiro
da ânsia
da vontade
do prazer
transpirado
pelos póros
de pelos arrupiados
gemidos
acariciados
pelos versos
de bela
de arara
que és.
Será?
você sempre será capaz
de fazer coisas lindas...
e de qualquer forma
de qualquer maneira
de qualquer jeito
será poesia
poesia
é te sentir
mesmo que a distância
ultrapasse
o peito
matando minuto a minuto
o sonho quase real
dos teus lábios
se mordendo
dos teus olhos se arregalando
me devorando
como se fosses uma amazonas
porém nascestes arara
assim tão meiga
tão pura
tão sutil
tão tudo
tão bela
isso é que é poesia
Nossa poesia
E se tu transbordas o meu peito, ...
é que me pegastes assim de jeito
e nem me deixastes sequer respirar
o teu santo nome, meu doce vicejar.
Sereia, acorda os abraços, no leito,
cuja doença é a própria cura, efeito
de em teus carinhos vir me afogar
e suspirar tua harmonia num amar.
Quisera eu, ainda morra de amores,
pois sinto os espinhos das dores,
eles são os que dóem sem rumores.
Se a lágrima que inunda o meu pranto
é apenas esse doce e sensual canto
que encontro em ti: eu te amo, te amo.
Sérgio, o Beija-flor-poeta