FEBRE
Não falarei da dor, lesão da carne, corte
e sim do cerne, a mágoa aureliana
aquela dor que bicho não conhece, sorte
a dor de amor da condição humana
é tanta dor que o mundo hoje sente
por que falar da minha dor, a minha?!
porque sou gente, animal vil que sente
a dor e quer que o mundo todo aguente.
não sinto fome, náusea ou tontura
estou febril por dentro, a febre surda, insana
consome inteira a lembrança sua
enquanto acusa é sua a culpa pura
por me fazer amar insanamente
quem nunca amou e sempre disse, sempre
"quisera um dia eu amar com loucura!"