DISCORDÂNCIAS

Não foram poucas as vezes em que eu disse o quanto te amava,

Mas você, tomado de tédio pela mentiras do mundo,

Apenas sorria com desdém e me beijava.

Frios lábios de indiferença,

Ressequidos pela total falta de palavras.

Emoção em sua mais completa ausência.

Meu anseio era por romance,

Presença sólida do ser querido.

Para você bastava eu estar ali naquele instante.

Eu era a alma, você o corpo:

Eis a nossa grande discordância.

Um menosprezava compromissos,

Enquanto a outra esperava por constância.

Que me quisesse em seus braços –

Era meu único pedido, era tudo!

Estado de abnegação absurdo,

O qual o tempo tratou de mudar.

Na frouxidão de um abraço egoísta,

Encontrei muitos espaços para fugir.

De início pedi: “Por favor, insista!

Por favor, não me deixe ir!”.

Contudo, agora lhe envio um “olá” aqui do outro lado,

De onde as pessoas têm ousadia para arriscar.

Muito pior do que perder sem a honra de ter lutado,

É perder por simples medo de amar.