Espinhos de açúcar e chocolate
Existem paredes que eu não posso atravessar
Existem rios que eu não posso cruzar
Vivo dentro de uma concha vazia
Prisioneiro da angústia
Distante da lua e dos holofotes
Existem mares que eu não posso navegar
Existem estradas que eu não posso caminhar
Aonde as dores morrem
As máquinas nos matam
Somos números numa imensa lista
Existem portas que eu não posso abrir
Existem segredos que eu não posso conhecer
Levanto antes do sol
Quando a madrugada senta na sarjeta
Soluçando o pó das lembranças
Existem muros que não posso derrubar
Existem abismos que não posso saltar
Vivo dentro da cabeça das nuvens
A ouvir apenas a voz do vento
E o coração clamando por um amor impossível
Existem camas que eu não posso me deitar
Existem cidades que eu não posso entrar
No berço da saudade
Derramo tardias lágrimas
E deixo um sorriso de adeus
Existem flores que eu posso cheirar
Existem corpos que eu posso tocar
Tantos pecados
Tantos pecadores
Tantos lábios vermelhos