Elegia a Um Amor Platônico

Elegia a Um Amor Platônico

Não sei como a luz que tanto via

iluminar a cada dia meus amores,

está hoje tão quieta,

pouco a pouco a arrefecer.

Não sei porque em meu ser o amor crescia

se nunca descobri essas flores,

essa minha lira esperta,

pra quem sou hoje forçado a esquecer.

Que pesar que tu me causas,ó Lembrança,

de saber que devo a minha covardia

ou imprudência,

a solidão,essa agrura.

Que vontade de propor no peito uma vingança

sem dispor da espada fria

ou violência,

e sequestrar aqueles olhos de ternura.

Que vontade a de representar feliz ensejo,

os passos que não dei sofrendo,

como se o caminho

encurtasse ao sofrimento do viajor.

Oh Vaidade,tu que hoje me exiges aquele beijo

me enganaste dizendo:

''Ame sozinho

se queres guardar pureza ao teu amor''.

E assim ,maldosa,enganaste-me por maldade

cuidando ,talvez,que escondia comigo

uma vã cobiça;

quando já o amor me seria por tudo errado.

Agora sei que para ser feliz deve-se a verdade,

proclamar num abraço amigo

que conquista,

como um poema suave a um peito amargo.

Não a perdi!Sei que meu sonho ainda vive

a crescer no silêncio das palavras,

em sua grandeza,

como forte semente a germinar.

Não me enganei daquela atenção que tive

quando a fé divina me inspirava

que, ainda a beleza,

me ia ao tempo certo assaltar.

E é por isso,ó Vaidade,que não te escuto a opinião

pois,ao invés de cobiçá-la ,mais

me agrada escondê-la

na aurora de um céu que é Jesus.

( à lúgubre sombra da sagrada cruz)

Guardo aquela pureza que me alumbrou o coração,

guardo a esperança de que jamais

o amor será estrela,

que um de nós apague a luz.

Danilo Sérgio Borges
Enviado por Danilo Sérgio Borges em 02/04/2010
Código do texto: T2174018