Elegia a Um Amor Platônico
Elegia a Um Amor Platônico
Não sei como a luz que tanto via
iluminar a cada dia meus amores,
está hoje tão quieta,
pouco a pouco a arrefecer.
Não sei porque em meu ser o amor crescia
se nunca descobri essas flores,
essa minha lira esperta,
pra quem sou hoje forçado a esquecer.
Que pesar que tu me causas,ó Lembrança,
de saber que devo a minha covardia
ou imprudência,
a solidão,essa agrura.
Que vontade de propor no peito uma vingança
sem dispor da espada fria
ou violência,
e sequestrar aqueles olhos de ternura.
Que vontade a de representar feliz ensejo,
os passos que não dei sofrendo,
como se o caminho
encurtasse ao sofrimento do viajor.
Oh Vaidade,tu que hoje me exiges aquele beijo
me enganaste dizendo:
''Ame sozinho
se queres guardar pureza ao teu amor''.
E assim ,maldosa,enganaste-me por maldade
cuidando ,talvez,que escondia comigo
uma vã cobiça;
quando já o amor me seria por tudo errado.
Agora sei que para ser feliz deve-se a verdade,
proclamar num abraço amigo
que conquista,
como um poema suave a um peito amargo.
Não a perdi!Sei que meu sonho ainda vive
a crescer no silêncio das palavras,
em sua grandeza,
como forte semente a germinar.
Não me enganei daquela atenção que tive
quando a fé divina me inspirava
que, ainda a beleza,
me ia ao tempo certo assaltar.
E é por isso,ó Vaidade,que não te escuto a opinião
pois,ao invés de cobiçá-la ,mais
me agrada escondê-la
na aurora de um céu que é Jesus.
( à lúgubre sombra da sagrada cruz)
Guardo aquela pureza que me alumbrou o coração,
guardo a esperança de que jamais
o amor será estrela,
que um de nós apague a luz.