Eu quero o amor de uma criatura convicta!

Não o de mais uma dessas pessoas

que se dissolvem na divina manada,

que não veem nem querem nada,

que não tem âncoras nem proas,

que são estátuas de sal derretidas

pelas esquinas e bares sem vidas...

Por favor, não! Não quero

amores de Tristão ou Isolda,

Romeu ou Julieta:

são vulgares, são da massa,

valem por um perpétuo bolero,

um isqueiro, mais um gol da

derrota para o time deveras careta

que ontem passou porque já hoje passa...

Eu só quero o amor de uma criatura convicta!

Quero, mas uma pessoa que queira!

Saiba que a importância da beira

e da órbita – centro – é querer, antes de tudo,

a profundidade, o beijo agudo,

o erro que seja... Que se erre!

Mas que seja o erro com aposta!

O erro enorme, de costa a costa!

Erro que berre

da lua ao Japão,

inda cubra de errinhos, seus filhos,

estrelas de água e sabão

no descaminho dos milhões de trilhos...

Esta pessoa me faz aprender o sabor

das belezas que o rebanho, sem flor,

imagina serem comuns, desimportantes...

quando elas sim são elefantes

com um olhar profundo que quer

quer, quer

quer

ficar comigo – este mago

da reconstrução solene e do divino estrago –

para além do que der e vier:

só neste amor quero ser.

Além dele, eu não quero querer.