Trem das onze e meia

Dia estranho esse

Em que as nuvens parecem mais baixas

Como a fumaça

Que enche meus olhos

A locomotiva se vai

E o trem das onze e meia te leva pra longe

Em meio a nuvens baixas

Que envolvem a paisagem

Não é miragem

Você realmente se vai

A fumaça é real, faz arder os meus olhos

E o trem eu sei, está lá

Indo na direção contrária do meu caminho

Te levando pra longe

Ou você simplesmente se esconde

Aqui ao meu lado

Se esconde de mim

Por que as coisas tem que ser assim?

Por que as dúvidas surgem?

Sei que tudo está perto do fim

Mesmo que você se esconda nas nuvens ao meu lado

E o trem seja mera alegoria

Mesmo que a fumaça que enche meus olhos venha do seu cigarro

Mas você não fuma!

Ouço o apito ao longe

Mas ele não se distância

Você agora está aqui

Mas pode partir, eu não entendo

Não compreendo o tempo

Que separa os extremos

Te leva de mim

Não se vá assim, sem despedidas

Nossos momentos valeram uma vida

Pelo menos acene com a mão, balance o lenço

Mas a fumaça não deixa que eu veja

Não enxergo um palmo

Eu poderia ser o alvo

O mais fácil que já existiu

Agora vou beber minha última dose

E limpar meus olhos com as costas das mãos

Aquelas mesmas que seguraram as suas

Mas não, não me diga, agora eu sei

Que a fumaça que enche os meus olhos

Vem do trem das onze e meia

Aquele mesmo que te leva entre as nuvens

Pois as portas do céu se abrem ao meio dia

P. R. O.

PauloRob
Enviado por PauloRob em 31/03/2010
Código do texto: T2169853
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