Trem das onze e meia
Dia estranho esse
Em que as nuvens parecem mais baixas
Como a fumaça
Que enche meus olhos
A locomotiva se vai
E o trem das onze e meia te leva pra longe
Em meio a nuvens baixas
Que envolvem a paisagem
Não é miragem
Você realmente se vai
A fumaça é real, faz arder os meus olhos
E o trem eu sei, está lá
Indo na direção contrária do meu caminho
Te levando pra longe
Ou você simplesmente se esconde
Aqui ao meu lado
Se esconde de mim
Por que as coisas tem que ser assim?
Por que as dúvidas surgem?
Sei que tudo está perto do fim
Mesmo que você se esconda nas nuvens ao meu lado
E o trem seja mera alegoria
Mesmo que a fumaça que enche meus olhos venha do seu cigarro
Mas você não fuma!
Ouço o apito ao longe
Mas ele não se distância
Você agora está aqui
Mas pode partir, eu não entendo
Não compreendo o tempo
Que separa os extremos
Te leva de mim
Não se vá assim, sem despedidas
Nossos momentos valeram uma vida
Pelo menos acene com a mão, balance o lenço
Mas a fumaça não deixa que eu veja
Não enxergo um palmo
Eu poderia ser o alvo
O mais fácil que já existiu
Agora vou beber minha última dose
E limpar meus olhos com as costas das mãos
Aquelas mesmas que seguraram as suas
Mas não, não me diga, agora eu sei
Que a fumaça que enche os meus olhos
Vem do trem das onze e meia
Aquele mesmo que te leva entre as nuvens
Pois as portas do céu se abrem ao meio dia
P. R. O.