Melodia interrompida
Cibele Carvalho
Estou em compasso de espera
numa canção de compassos ternários,
onde executo sons imaginários
- três tempos -
antes
durante
depois
de você.
No antes, havia a expectativa
de tudo o que nós seríamos,
do tanto que nos quereríamos
do amor que nos preencheria.
No durante, bailamos nossa valsa
- esta, que agora está parada -
que eu julguei no compasso certo,
em que tentei seguir a harmonia,
em que cuidei de tudo, bem de perto.
Parece, porém, que em algum momento,
não sei como, nem quando, atrasei,
e o compasso, então, ficou lento
e, ao ouvido atento, não agradei.
Depois dessa peça mal tocada,
o que restou da minha valsa? Nada!
Executada apenas uma vez,
ela se perdeu, foi relegada
ao banco de canções... descartada.
E, depois dela, a inspiração
para outra canção, não quer chegar.
Então, aguardo o momento certo,
para nova canção executar
*****
*****
Quando uma mínima não atende aos desejos,
A semibreve tem, por obrigação, fazê-lo,
Caso contrário, a colcheia fica em falta.
Aprenda com a fusa que se deve fazer de tudo
Ou, pelo menos , quase tudo - uma semínima deixa tudo.
A colcheia sempre fica satisfeita
E, assim, fica como uma semicolcheia --satisfeita e realizada.
Não importa o instrumento, tem que ter ritmo
E, assim, os dois, sendo controlados
Por um metrônomo, chegarão lá, junto ao êxtase total.
Amém
Marcos Toledo