Desatino

Desatino

Inda tenho das planícies orvalhadas

o cheiro bom que me sufoca de prazer.

Inda carrego a escuridão da madrugada

da noite fria em que fiquei sem ter pra que.

Teu vulto acende a lamparina do meu medo.

Teu corpo é o leito onde se esconde o sonho meu.

Eu sei teu cheiro, teu perfume, teu tempero,

vou te buscando entre os umbrais de vários céus.

Inda tenho das montanhas reluzentes

a luz confusa que me faz estremecer.

Quero a difusa luz que nasce dos teus pelos.

Quero viver do teu abraço até morrer.

Teu sono acorda o meu cansaço em plena noite

eu sei, teu beijo é que incendeia a plantação.

Deixo meu sul pra te seguir por outros nortes

num desatino de morar na tua mão.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 27/03/2010
Código do texto: T2163040