Desatino
Desatino
Inda tenho das planícies orvalhadas
o cheiro bom que me sufoca de prazer.
Inda carrego a escuridão da madrugada
da noite fria em que fiquei sem ter pra que.
Teu vulto acende a lamparina do meu medo.
Teu corpo é o leito onde se esconde o sonho meu.
Eu sei teu cheiro, teu perfume, teu tempero,
vou te buscando entre os umbrais de vários céus.
Inda tenho das montanhas reluzentes
a luz confusa que me faz estremecer.
Quero a difusa luz que nasce dos teus pelos.
Quero viver do teu abraço até morrer.
Teu sono acorda o meu cansaço em plena noite
eu sei, teu beijo é que incendeia a plantação.
Deixo meu sul pra te seguir por outros nortes
num desatino de morar na tua mão.
Marilia Abduani