Triste realidade...
Enfeia-se a tarde... O céu fica cinza...
A atmosfera pesada procura uma dor
No recôndito d’alma, como se buscasse
Uma finíssima agulha para nos tornar estertor...
Mas a dor foi colocada em um grande baú
Fechado com chave forjada no sangue
Dos anônimos sonhos desfeitos na luz...
Achegam fantasmas querendo acordar
A dor em braseiro de eterno queimar...
Mas a Vida reage e não se deixa tomar
Por terríveis tristezas que a querem levar...
Na chama da Vida a chave de sangue
Derrete em suspiros de longo porvir...
Sem chave os fantasmas não abrem a caixa
Onde puseram-se os sonhos para dormir...
Escondidas Verdades... E a Vida ressurge
Da pálida tarde tomando-lhe a cor...
O branco se foi... E se foi o fulgor...
- Assim como se foi o brilho dos meus olhos
Quando recusaste o meu amor...