Na Obscuridade…

Ponho-me a pensar que raio de mundo

Que se eclipsou num manto de negritude

E se para nós

Não será demasiado tarde

Trevas opacas

Na obscuridade

Tento ver por entre a densa escuridão

Onde não vejo nem sinto nada

A não ser

O som solitário

Do teu coração

E penso

Não posso deixar de pensar

Se fui eu ou tu

Que quisemos

Ou sem querer

Tivemos que fracassar

Para que nada restasse para o dia de amanhã

Que francamente

Não sei se irá acontecer

Não sei se estarei vivo

Se estaremos

Para o saudar

Com um sorriso

Ou com lágrimas

De quem o sente como o último

Ou com amarguras

Do que nunca tivemos a ousadia de fazer

Daquilo que deixámos de amar

Porque pensávamos

Que o futuro nos iria acolher

Nos iria aguardar

Ignorando

Que cada dia é passado

Presente

Futuro

Que cada dia é um ciclo

Por vezes infernal

Por vezes doce

Mas sempre

Sempre intenso

Que opera a inevitável metamorfose

De nos mudar radicalmente

Ora por fora

Ora por dentro

Marcas que ficam para a eternidade

Ou em palavras avulsas como esta…

Na Obscuridade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 27/03/2010
Código do texto: T2162168
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