Na Obscuridade…
Ponho-me a pensar que raio de mundo
Que se eclipsou num manto de negritude
E se para nós
Não será demasiado tarde
Trevas opacas
Na obscuridade
Tento ver por entre a densa escuridão
Onde não vejo nem sinto nada
A não ser
O som solitário
Do teu coração
E penso
Não posso deixar de pensar
Se fui eu ou tu
Que quisemos
Ou sem querer
Tivemos que fracassar
Para que nada restasse para o dia de amanhã
Que francamente
Não sei se irá acontecer
Não sei se estarei vivo
Se estaremos
Para o saudar
Com um sorriso
Ou com lágrimas
De quem o sente como o último
Ou com amarguras
Do que nunca tivemos a ousadia de fazer
Daquilo que deixámos de amar
Porque pensávamos
Que o futuro nos iria acolher
Nos iria aguardar
Ignorando
Que cada dia é passado
Presente
Futuro
Que cada dia é um ciclo
Por vezes infernal
Por vezes doce
Mas sempre
Sempre intenso
Que opera a inevitável metamorfose
De nos mudar radicalmente
Ora por fora
Ora por dentro
Marcas que ficam para a eternidade
Ou em palavras avulsas como esta…
Na Obscuridade…