Líberas portas
Escalar o céu já não me cansa,
fundando outras dores em dores mais profundas
e a abastecer-me com o fel dos teus lábios,
na presença dos delírios que me enchem a carne,
onde apenas mora o amor isolado do meu mundo.
Ausente de tudo mora uma saudade,
repartidas por luas vivas entre suas fases:
entre o teu amor e o meu.
Não me concebo explicar todo o amor que eu sinto
quando olho em teu olhar tudo o que eu pressinto
e sei que nada sei de nós dois ainda.
Fomos diferentes e hoje somos desiguais.
Sei do que não sabes e do que me dás
na lúcida escuridão da luz de nossa morada,
onde tudo é tudo e tudo é quase nada!