CLAMOR!
Me dá tua boca?
Estou deserto!
Varre-me ventos solares,
Aplaca-me a fúria de maremotos
Que insistem morar nos meus olhos.
Do meu peito, coração em fuga...
Dá-me a porção da fé dos que não acreditam,
Dos que não te desejam,
Dos temerosos que fogem do teu mar impetuoso.
Abrasa-me com teu fogo perdido,
Com teu desejo retido,
Reservas inesgotáveis para minha fome infinita!
Sacrifica-me como se muito valesse,
Como se minha alma te pertencesse,
Como se houvesse sentido.
Eu prefiro me calar ante teu gemido!
Vou cravar meu corpo no teu corpo,
Até que sejamos indivisíveis,
Até que teu medo se apavore,
E as dúvidas se percam.