É de Noite, meu Amor é de Noite…
E estou numa casa
Sobranceira a um vale escuro
Vizinho de uma cidade cor de cinza
Onde nada brilha
E olhando a tua fotografia
Reparo nas disparidades deste mundo
Onde o feio assume proporções assustadoras
Mas como Tu
E a tua pequena fotografia
São lindas
Lindas
Lindas…
Recordo então as histórias
Do povo da cidade
Histórias tristes
Pois assim decidiram matizar a sua vida
Colorir a dois tons a sua interioridade…
E lembro-me de Ti
Da tua, nossa, dicotomia
Longe-perto-longe
Mas que sem a tua presença
A minha vida fica tão vazia…
E penso naquele povo
No qual nasci
Mas que realmente
Ao qual nunca pertenci…
Sonhando nos momentos de maior aperto
De maior aflição
Nos dias que vivemos
E que iremos viver
Nos dias que virão
Num mundo digno e salutar
Que juntos ajudamos a erguer
Nessa coisa concreta
E ao mesmo tempo indefinida
De a nós
E a pessoas como nós
Pertencer
Um futuro
De igualdade
Não perfeito
Que as imperfeições devem fazer parte da vida
Mas paritário
E sobretudo a cores
Feliz
Essencialmente feliz
Porque se te amo com tantas sensações
Com tantas razões
É porque
Á tua maneira
Muito me dás
E quase nada impões
É porque a noite nunca é eterna
A aurora espera por nós
A seguir
E logo de seguida um dia
Onde somos felizes
Sem dúvida
E onde posso desfrutar
A tua incondicional companhia…
É de Noite, meu Amor é de Noite…