É de Noite, meu Amor é de Noite…

E estou numa casa

Sobranceira a um vale escuro

Vizinho de uma cidade cor de cinza

Onde nada brilha

E olhando a tua fotografia

Reparo nas disparidades deste mundo

Onde o feio assume proporções assustadoras

Mas como Tu

E a tua pequena fotografia

São lindas

Lindas

Lindas…

Recordo então as histórias

Do povo da cidade

Histórias tristes

Pois assim decidiram matizar a sua vida

Colorir a dois tons a sua interioridade…

E lembro-me de Ti

Da tua, nossa, dicotomia

Longe-perto-longe

Mas que sem a tua presença

A minha vida fica tão vazia…

E penso naquele povo

No qual nasci

Mas que realmente

Ao qual nunca pertenci…

Sonhando nos momentos de maior aperto

De maior aflição

Nos dias que vivemos

E que iremos viver

Nos dias que virão

Num mundo digno e salutar

Que juntos ajudamos a erguer

Nessa coisa concreta

E ao mesmo tempo indefinida

De a nós

E a pessoas como nós

Pertencer

Um futuro

De igualdade

Não perfeito

Que as imperfeições devem fazer parte da vida

Mas paritário

E sobretudo a cores

Feliz

Essencialmente feliz

Porque se te amo com tantas sensações

Com tantas razões

É porque

Á tua maneira

Muito me dás

E quase nada impões

É porque a noite nunca é eterna

A aurora espera por nós

A seguir

E logo de seguida um dia

Onde somos felizes

Sem dúvida

E onde posso desfrutar

A tua incondicional companhia…

É de Noite, meu Amor é de Noite…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 25/03/2010
Código do texto: T2158343
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