No silêncio, a paz...

Assentada, silenciosa no canto que à noite me traz,

por onde anda a paz que tanto busquei?

São de açúcar os sonhos que sonhei?

Derreteram-se ao toque sutil do orvalho que anunciava manhã.

Fecharam-se os olhos diante da dor,

minhas mãos amparam os pensamentos que livres desejam voar,

não são de trovões os sons que ecoam ao longe

e também não é de chuva o rio de sangue que vejo passar.

De quem são as mãos que seguram armas,

miram seus alvos sem uma lágrima derramar?

Por onde anda a emoção, o amor,

as rimas de todos os versos que a poesia pôde já declamar?

Assentada, silenciosa no canto que à noite me traz,

apaguem-se os clarões que ao longe vejo estourar,

não são relâmpagos trazendo vida,

nem tempestade anunciando a chuva que alimenta.

Onde fica a nascente da dor que mata sem ao menos questionar?

Silenciem os gritos aflitos e os choros que ouço

e quem sabe, nessa noite ainda,

não possamos falar apenas do amor e da paz.

06/08/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 13/08/2006
Código do texto: T215735