Utopia
Como fazer amor com a beleza?
A poesia responde do jeito que sabe;
Sempre envergonhado, sem admitir-se,
E já nu por letras afogadas em solidão latejante:
O amor que posso fazer com a beleza
Cabe na brevidade mesquinha de um roçar.
É quando seus olhos escorregam nos meus,
Mas, caros, fazem questão de fingir que não.
Insatisfatoriamente resignado, sorvo migalhas;
Lembranças de uma janela miserável de expectativas,
Azedo momento de simétrica graça – e perjúrio.
O resto do tempo, odeio e amo: desejo.