CLICK
Ó tempo real!
Quero um poema real,
Uma palavra difícil,
Um amor inútil.
Só assim poderei ser livre,
Dizendo das coisas o que são
Não o que vejo e penso.
Eu escrevo enquanto escrevo-me,
Me traduzo mor-fo-ló-gi-ca-men-te
Causo náusea em meu poema,
Causo náusea e pena
Mas não me importo,
Não quero,não ouso querer
O que não posso sentir,
Apenas digo sem sotaque
Coisas do dia a dia
E a poesia do real
Passa,transborda aos olhos,
Uma rua,uma placa,
Carros,meninas de bicicleta,
Bolinhas de gude,mercado,
Formigas no formigueiro,
Redundâncias,só pra variar,
Para trair o poema,
Para quebrar esse tédio...
-Palavras para epitáfio-
"O poeta ama!" Ama?
Redundância.
Acabou,sim,acabou,
Decerto nem existiu.
Olhos fixos na tela,
Ausência de imagens,
Somente uma sombra.
-Feito névoa que se dissipa-
Inútil pedir outra dose,
Meu coração está morto,
Minha cabeça dói
Enquanto passa o romance.
Mas eu conheço esse filme,
A moça se apaixona,
O rapaz escreve cartas
E no final...
Espera! batem á porta!
me vejo chegando,
Me olhando,
Sou eu morto
Ou bêbado,tanto faz,
Me aproximo de mim,
Fim de noite,
-Ressaca de tristeza-
Me observo,
Corpo fantasma
Estirado no chão
De um poema real.
Alma letárgica,
Olhos vazios,
Tenso,teso,
Ou hirto,
Como preferirem.
Me aproximo,
Me beijo no rosto,
Acabou,
Desligo o amor,
Click!