Pressentimento

Pressentimento

Ninguém adivinha o meu corpo

escondido na escuridão.

Rumor de passos na estrada,

nenhuma espada e um dragão.

Um gosto amargo de sangue,

num gesto de suicida.

Meus olhos hirtos de medo,

maior que o medo da vida.

Tenho a sombra traiçoeira

de monstros vivos, famintos.

Debruçada na janela,

o que temo é o que pressinto.

Se ao menos o gosto vivo

de sangue, dentro de mim,

recolhesse a eternidade

desse amor frágil e sem fim.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 22/03/2010
Código do texto: T2153548