A morte da musa em suas próprias palavras
Conversa de Anjos?
Era assim que pensava que ouviria
E tão mesmo antigo ou distante entenderia
Conversa sincera e destemida
Cale-se!
Cale cada palavra tola que possa sair de sua boca
Palavras de poetas é o mais puro veneno em meus ouvidos
Vocês são mesmo todos iguais
Tuas palavras e todo esse seu lirismo descarado
Livra-me de tudo o que possa me lembrar
Que fui tua e que te tive comigo
Suas palavras fingidas não me alcançam mais
Se realmente foi tudo feito para mim
Por que não me enxergo nas palavras?
Meu reflexo era de outra que você nunca me apresentou
Era teu passado imundo refletido em teu futuro que nunca chegaria
Você mentiu
Quebrou cada palavra de honra e honestidade possível
Deixe-me dormir e por favor afaste-se de mim
Palavras de defesa?
Não tens o direito
Tuas palavras são belas e precisas
Distantes e formam incógnitas que me desafiam
Fazem-me querer adentrar em seu pensar
Maldito poeta!
Não mais
Não mais me terá
Como musa, estarei morta para ti
E não venha nunca mostrar-me seus poemas para sua musa morta...
Eu não ouço tua voz mais
Não tenho mais meu poeta
Mas veja que de vez em quando
Acontece o inesperado
Sinto a intraduzível beleza da palavra saudade...