A morte da musa em suas próprias palavras

Conversa de Anjos?

Era assim que pensava que ouviria

E tão mesmo antigo ou distante entenderia

Conversa sincera e destemida

Cale-se!

Cale cada palavra tola que possa sair de sua boca

Palavras de poetas é o mais puro veneno em meus ouvidos

Vocês são mesmo todos iguais

Tuas palavras e todo esse seu lirismo descarado

Livra-me de tudo o que possa me lembrar

Que fui tua e que te tive comigo

Suas palavras fingidas não me alcançam mais

Se realmente foi tudo feito para mim

Por que não me enxergo nas palavras?

Meu reflexo era de outra que você nunca me apresentou

Era teu passado imundo refletido em teu futuro que nunca chegaria

Você mentiu

Quebrou cada palavra de honra e honestidade possível

Deixe-me dormir e por favor afaste-se de mim

Palavras de defesa?

Não tens o direito

Tuas palavras são belas e precisas

Distantes e formam incógnitas que me desafiam

Fazem-me querer adentrar em seu pensar

Maldito poeta!

Não mais

Não mais me terá

Como musa, estarei morta para ti

E não venha nunca mostrar-me seus poemas para sua musa morta...

Eu não ouço tua voz mais

Não tenho mais meu poeta

Mas veja que de vez em quando

Acontece o inesperado

Sinto a intraduzível beleza da palavra saudade...

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 22/03/2010
Código do texto: T2152638