O Fim...

Olho para a minha, nossa, cidade

E reparo que ela passou a ser feita de cinzas

Olho para Ti

E pergunto se as coisas têm que ser

Necessariamente assim…

Reparo que no céu

Não há nada

Que até as estrelas escolheram outro local para onde brilhar

Reparo que me olhas

Com um olhar neutro

No qual nada consigo vislumbrar

Tento recordar-me de algo agradável

Tento recordar-me do último sonho que partilhámos

Sinto um vazio

Sinto-me no rio do esquecimento

Bem dentro dele

E não apenas na sua margem

Sinto então uma ternura

Que julgava perdida

Dou-te um beijo

Mas quando faço tal

Uma velha cicatriz

Se transforma

Numa bem presente ferida

E de repente tu começas a andar

Sem nada dizeres

Mas reparo que não queres ires sozinha

Queres que te acompanhe

Em silêncio

Queres ires para outro lado

Erguer uma outra cidade

Novamente feita de sonhos

Do resto que não deixámos morrer

Feita de poesia

Daquela que um dia havemos

Juntos de escrever

Ainda estive para te perguntar

Se me amas

Mas há certas perguntas

Que nunca se devem fazer

Porque são retóricas

E por isso mesmo desnecessárias

Dado bastar sentir

Para se ter uma resposta

E sei que me amas

Tal como eu te amo a ti

Isto não é o terminus

É um recomeço

Algures dentro de nós

Para abrirmos um novo capitulo

Que levará uma eternidade a ser preenchido

Isto é um começo

E nunca

Nunca!

Um Fim…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 22/03/2010
Código do texto: T2152209
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