O Fim...
Olho para a minha, nossa, cidade
E reparo que ela passou a ser feita de cinzas
Olho para Ti
E pergunto se as coisas têm que ser
Necessariamente assim…
Reparo que no céu
Não há nada
Que até as estrelas escolheram outro local para onde brilhar
Reparo que me olhas
Com um olhar neutro
No qual nada consigo vislumbrar
Tento recordar-me de algo agradável
Tento recordar-me do último sonho que partilhámos
Sinto um vazio
Sinto-me no rio do esquecimento
Bem dentro dele
E não apenas na sua margem
Sinto então uma ternura
Que julgava perdida
Dou-te um beijo
Mas quando faço tal
Uma velha cicatriz
Se transforma
Numa bem presente ferida
E de repente tu começas a andar
Sem nada dizeres
Mas reparo que não queres ires sozinha
Queres que te acompanhe
Em silêncio
Queres ires para outro lado
Erguer uma outra cidade
Novamente feita de sonhos
Do resto que não deixámos morrer
Feita de poesia
Daquela que um dia havemos
Juntos de escrever
Ainda estive para te perguntar
Se me amas
Mas há certas perguntas
Que nunca se devem fazer
Porque são retóricas
E por isso mesmo desnecessárias
Dado bastar sentir
Para se ter uma resposta
E sei que me amas
Tal como eu te amo a ti
Isto não é o terminus
É um recomeço
Algures dentro de nós
Para abrirmos um novo capitulo
Que levará uma eternidade a ser preenchido
Isto é um começo
E nunca
Nunca!
Um Fim…