Billy, o cachorrinho!

Não era uma tarde-noite normal em Copacabana.

Parecia que algo de muito grave iria acontecer, sentia isso !

Chovia muito, torrencialmente.

A rua, alagada, como há muito não via !

Vento forte batia na janela.

Trovões!

Trrrruuuuuuuuu ...Truuuuu...

Peguei Billy, levei-o à janela, para pegar um pouco de ar !

Não adiantou.

Segurei-o de volta, no colo, levei-o e coloquei-o na sua caminha.

Olhava-me fixo, como nunca.

Parecia pedir socorro ou despedir-se, não sei bem.

Os olhinhos pretos fixos em mim.

Nunca o tinha visto assim.

Questionei-me:

¨Para que tanto conhecimento, se não posso salvar meu cãozinho ? ¨

Pela manhã, havia-o levado na pracinha, como sempre.

Pela primeira vêz, em dez anos, caiu de repente.

Assustei-me.

Nunca havia visto Billy tropeçar.

Era seu costume estar sempre correndo, à frente.

Levei-o para casa, rápido, preocupado.

Billy sempre foi meu companheiro, melhor amigo, mesmo sendo um cachorrinho !

Na verdade, ensinara-me a conhecer as pessoas, as verdadeiras e as falsas, as sinceras e as que vivem de aparências ...

Amava Billy.

Havia feito uma canção para ele.

Escrevo trinta dias depois desse fato, mas confesso que ainda não caiu a ficha.

Essas coisas são digeridas muito lentamente, podem demorar anos.

Lembro-me dele, toda vêz que vejo alguém com um cachorrinho, nas ruas.

Me disseram:

¨Arranje outro cachorro, todos são iguais. ¨

É um engano, assim como as pessoas não são iguais, os cães também não o são.

Existem personalidades diferentes, uns são calmos, amorosos, outros agitados, teimosos, medrosos, corajosos.

Só o dono o conhece bem.

E eu era o dono de Billy, ele me escolheu.

Peguei-o pequenino na Glória, um bairro perto do centro do Rio de Janeiro.

Na verdade, comprei-o por cem reais de uma amiga.

Foram os reais mais bem aplicados da minha vida.

Confesso, daria um milhão para tê-lo de volta.

Nada me proporcionou tanto retorno em felicidade e alegria quanto Billy !

Onde estiver, Deus o abençõe!