Museu do amor.

Foi alguém que conheci,

que talvez viveu comigo,

e há muito tempo se foi.

São águas passadas,

já desaguadas no mar,

misturadas com o sal,

e totalmente desmanchadas.

Já não dói nem chama atenção:

algo tão antigo,

que só serve para mostrar,

como antiguidades,

futilidades,

no museu do amor.

Aquelas cartas tão manchadas,

de batom de lagrimas,

amareladas pelo tempo,

já não me diz nada,

não valem nada.

Aqueles documentos,

assinados com tantos zelos,

que por muito tempo foram guardados,

como um tesouro, historia,

assinados pelas testemunhas,

pelo juiz de paz,

quando juramos o nosso amor.

O filme o álbum de fotografia,

das festas do casamento,

dos amigos de todos os parentes,

os meus os seus,

da nossa lua de mel.

Já estão depositados no museu do amor.

As nossas roupas,

as jóias, todas as nossas coisas,

tudo que tinha valor material,

podem depositar,

no museu do amor.

Foi uma miragem,

mais um casamento que não deu certo;

um sonho, uma lembrança que voltou,

foi simplesmente uma imagem,

sem nenhum valor,

apenas coisas que estão depositadas,

no museu do amor.

Cláudio D. Borges.