SEGUIR MEU CAMINHO
Há certos rios que preciso rever.
Por isso volto às margens...
É o mesmo destino que já cumpri
E ao mesmo tempo, em tudo me descubro.
Lenta será a minha voz que se adensam estas águas,
Um todo de terra em mim se alarga
E aquece-me num sopro o vento da tarde.
Como se houvesse outro destino em mim,
Desce da noite, um torpor singular, de dor
E o medo de esquecer-te,
De soltar-te de dentro de mim e depois florir,
Sem ao menos guardar o teu sentir...
Sobrevivi à morte sucessiva das palavras,
Das coisas ditas e não ditas...
Terei agora o meu próprio silêncio.
O vento me segue e o próximo passo
É voar e voar...
Não há tanto mais a dizer agora.
Meus olhos se gastaram procurando a palavra
Na figura, no texto, nas histórias...
Eu preciso viajar e levantar em renúncias
E redescobrir...
A amante da poesia que sou.
Adriana Leal
Texto revisado por Marcia Mattoso