Eu pescador me confesso
Eu pescador, do barco a pescar
em balanceios, sem ter outra vida
cheiro da brisa, sol,onda e mar
espera a Maria, de brasa ardida
querendo o sol, mais escaldante
o homem que pesca, a faça querida
voltando, deitada, o faça exultante
o vento que sopra, a areia da praia
acenda o calor, do tempo de espera
levante o querer, levante sua saia
saudade é sabor, que a distância tempera
e ele quando volta, com as gaivotas
pede mais, e ela devota, a tudo supera
ele timoneiro, para ele ela astrolábio
do fundo do mar arranca o pesqueiro
volta para ela, cartógrafo sábio
do fundo do amor, lá é seu viveiro
para ele que pesca, avermelha os lábios
e doura no sol, seu corpo inteiro
na praia a fogueira, de brasa ardendo
encontra rival, no corpo querendo
num velho baú, escondendo o anzol
na cama o anseio, amassa o lençol
eles amantes, fazendo mais vida
nem pensam na brasa, lá fora esquecida