Eu pescador me confesso

Eu pescador, do barco a pescar

em balanceios, sem ter outra vida

cheiro da brisa, sol,onda e mar

espera a Maria, de brasa ardida

querendo o sol, mais escaldante

o homem que pesca, a faça querida

voltando, deitada, o faça exultante

o vento que sopra, a areia da praia

acenda o calor, do tempo de espera

levante o querer, levante sua saia

saudade é sabor, que a distância tempera

e ele quando volta, com as gaivotas

pede mais, e ela devota, a tudo supera

ele timoneiro, para ele ela astrolábio

do fundo do mar arranca o pesqueiro

volta para ela, cartógrafo sábio

do fundo do amor, lá é seu viveiro

para ele que pesca, avermelha os lábios

e doura no sol, seu corpo inteiro

na praia a fogueira, de brasa ardendo

encontra rival, no corpo querendo

num velho baú, escondendo o anzol

na cama o anseio, amassa o lençol

eles amantes, fazendo mais vida

nem pensam na brasa, lá fora esquecida

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 20/03/2010
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T2149343
Classificação de conteúdo: seguro