Não Canto
Não, não sei cantar os seus olhos
Que são doces, suaves, e bem sei,
Mas não posso proferir nota afinada,
Som terno e macio sobre tal...
Sei defini-los, força castanho-escura
Que jamais entorna-se sobre meus dedos,
Mas, no entando, não sei cantá-los.
Não sei cantar teu corpo que é esguio
E tua voz, suave amanhecer entre os ouvidos
E por mais que tente, não consigo cantá-los
Bem como são, fascinação multi-color invertebrada
Que se aperta e se esguia por entre a madrugada
Como onda de fogo nos céus de qualquer mês...
Mas no entando não sei cantá-los como moldura,
Estátua perfeita e lívida que sob meus dedos desvanesce,
Sei cantar o teu efeito, teu fogo-feitio, tua pintura,
Mas não a fôrma por sobre qual se encaixa;
Apenas a membrana liquida por sobre teu nome.