Tempestade

Tempestade

Bate forte o vento assobiando,

As árvores curvam-se rangendo o tronco

Num lamento rouco e impotente,

Folhas e mais folhas caem

Carregadas sem destino,

Inclina-se ao chão,

Num bailado manco,

Tufos de capim flecha,

Pirilampeiam raios e relâmpagos em ziguezague

Pelo céu abismal

E as turvas e agitadas águas,

Como se revoltadas em infindas mágoas,

Se vão mui perigosas jorrando,

Jorrando às matas se vertendo;

Ouve-se vago murmúrio solto

Pelo ar gelado que se vê envolto

Pelo dito forte assobiar do vento.

Aí esta: essa é a cólera do tempo,

Dominador, avassalador, real majestade

Que a tudo desafia e controla

É a mesma cólera do amor apaixonado,

Insaciado, de correspondência incerta,

Insano, imprudente, ansioso,

Carregado de desejos ardentes e incontroláveis,

Que agora me inquieta e anula

Qualquer raciocínio lógico.

Aí esta: esse é o rei dos sentimentos em flor,

Que tanto me motiva, excita, arrouba e amola!

Arcofi
Enviado por Arcofi em 19/03/2010
Código do texto: T2148208
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