A TIMIDEZ DE MARIA CLARA
Maria Clara?
Já lhe perguntei três vezes
anjo de mel
e você balbucia esses monossílabos
inaudíveis, tão baixinho
e por quê por as mãos
nesses lindos lábios nacarados ao sorrir
escondendo um paraíso
de diamantes de neve?
Olhe nos meus olhos Clarinha
saia de dentro de si mesma
tão introspectiva
nesse olhar distante, fugidio
Ora, absorta a afagar
devaneios quiméricos de amor
ora, extraindo a prova real
de mais um dissabor
Por favor Clarinha,
fala comigo vai?
Quero tanto ouvir sua voz maviosa,
que transpassa a alma
como uma colcha sedosa
Voz tão escassa como o cometa Haley
porém quando surge assim, musical
parece adoçada
com três colherinhas de açúcar
e nada de sal
mas que quando finda
submergi minha alma novamente,
na acidez do Kalahari sem suricatos
a engolfá-la,
num silêncio quão down
Oh Clara, solta só uma vez
essas lindas madeixas
por quê represar teus encantos
por puritanas presilhas?
Quem sabe elas também não abrem
suas algemas d’alma
mostrando-me um pouco mais,
a graça o encanto e a faceirice
da tua Alencarina Cecília
Clarinha
clareias com tua doce timidez
minha alma taciturna, triste, sombria
erma dos teus comezinhos afetos
onde sonho com passeios efusivos
entre brisas e prados
e acordo nos belos jardins
dos teus lindos vestidos floridos
entre mares & mares de abetos
Clara,
por que suas amigas dizem hibernar
sob os melífluos remansos da tua alma
Etnas, Vesuvios e Katrinas?
Mas tu extrai a cada novo dia
para fascinar a todos
meigas, lindas e ingênuas meninas??
Oh Clarinha,
fala comigo vai?
O quê? Hum?
Não ouvi minha flor...
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