A Linha que separa
Pensei que ficarias mais tempo a falar de sol.
Que nos sentaríamos distraídos
desejando saber como foi do outro, o dia.
De como as plantas são novas depois que a chuva passa.
Que falaríamos dos livros, de temas livres, poemas e escritos.
E que pela costa, andaríamos antes que a noite
nos acolhesse tecendo motes.
Que ouvindo do céu o açoite, soletraríamos estrelas cadentes
amando imaculados, por sobre as areias dormentes.
Que veríamos o céu perguntando-nos se choveria
e trocaríamos sonhos surreais receitas de adornar orvalho.
Ah ... Seus cabelos seriam tão ocres, ouro velho, distraídos
Fossem curtos, longos, pretos, brancos ou ...
simplesmente não fossem, adereço dispensável
já que tua alma não está nos cabelos
e a brisa, consternada, nos acariciaria a pele.
E que permanecendo mais tempo
pudesse nossas vidas juntas nos ser tão necessárias
como uma invenção moderna, primária;
Sem a qual não se possa viver
e nem ver beleza no dia, sem pressa de romper.
Pensei que o toque sensual chegaria lento,
no compasso de nossas almas solidárias e envoltas
Grafando em fogo, a nostálgica poesia.
Era quase perfeito, e no entanto, precoce entendi.
Terias que ir e até mesmo no horizonte, existe uma linha solta,
espaçando a terra e o céu, o que é, do que poderia ter sido.
Como um véu, a ponto de se romper
quando nada mais haja que o faça sobreviver.
E com isso, foi muito o que aprendi.
Acostumei a ceder sem reclame, aquém de encanto,
vazia de mim mesma por mais que eu te/me ame
a ser um simples aceite.
Ver uma parte de mim se evadindo
e mesmo assim me despedir sorrindo
para que não doesse tanto.