DANÇANDO NA LUA

Quando a noite chega encobrindo a luz do sol,

Todos os pensamentos e sonhos se desvendam,

Mesmo que as estrelas reluzam os pecados,

Ainda persistem sombras e meandros sorrateiros.

Assim, protegidos pela noite, os sonhos acordam,

E desperto lembrando sempre dos nossos planos,

Dos nossos sonhos e dos passeios pelas estrelas,

Até o calor do teu colo eu sinto nessa noite fria.

Passeia pela minha lembrança, até a maciez da tua boca,

O mordiscar dos teus lábios e o frenesi da tua língua atrevida,

Encoberto pela solidão que me toma e me açoita,

Nem a escuridão da noite apaga os delírios dos nossos ais.

As juras e as promessas ainda latejam a minha saudade,

Não quero reviver aquele último e malogrado instante,

Quando a noite se fez breu e nós nos desfizemos simplesmente,

E nem a lua tão amiga e protetora das nossas fugas e devaneios,

Foi suficiente para fazer valer a vontade, os desejos e o querer.

Nem a lua, que seguia nossos passos e benzia nossos sonhos,

Por onde passeávamos de mãos dados nos banhando em sua luz,

Para onde nos prometíamos fugir para dançar todas as valsas,

Nem ela, a madrinha cúmplice de todos os amores e amantes,

Até ela se afastou de nós, deixando assim à noite e a vida tão negra.

Mas as noites sem brilho de estrelas, sem a brancura da lua,

Que hoje habita minha mente febril que delira em pesadelos,

Ainda há de ser banhada e curada pela lua cheia da nova fase,

E hei de ter você em meus braços, em meu colo, em minha vida,

E ainda haveremos sim de dançar na lua, ao som dos bandolins.