VENTO

Não sei por onde passou esse vento,

Trazendo consigo aromas que já conheço.

Certamente balangou seus cabelos,

Roubou teu perfume e me trouxe de presente,

E invadiu meu sentido, minhas lembranças,

Brincando assim comigo, me jogando folhas e pétalas.

Certamente passou pelos canteiros das calçados,

Onde caminhávamos pela vida nossa,

Por onde íamos, jogando conversa fora,

Trocando confidências, dividindo cumplicidade.

Tomara que esse vento brando,

Que entra pelas minhas estranhas,

Não espalhe nossos segredos,

Pelos recantos do mundo afora.

Nem conte aos anjos que nos protegiam,

Das nossas travessuras escondidas, escusas,

Que eram só nossas, absolutamente nossas,

E nem os ventos percebiam, imaginávamos.

Que passe o vento, que passe a vida,

Mas que não passe como o vento,

A cândida vida que vivemos.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 18/03/2010
Reeditado em 24/11/2015
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