Ode a um amor sem memória
(canticos de um Brasil)
 
 
Izartina; é negra sem desaforo guardado; é da raiz de angola;
Nascida da sementeira de Rosara, negra velha, doce de candura;
Vinda de ilha de mar aberto! (Isso é que se conta na memória da senzala!).
Onde Rosaria é mito! Negra que fez sua alforria, que deixou a censura
 
Do patrão e o chicote do capitão e se foi, cultivar o doce da fala!
Diz  as filhas e aos filhos; que doce é cultivar o perdão e manter a cura
Do coração. Izartina viu crescer o tempo, viu o entardecer e o morrer de Rosara.
Rosara, deixou no rastro da vida, a solidão de sua alma e o ritmo que embala
 
Novas  memórias, seu rito da terra, seu silencio do qual o tempo não descura.
Na altivez de seu porte Izartina, guarda as dores ancestrais,  de Rosara
Guarda na lembrança as cinzas do braseiro e o pito; seu pai João e a guia rara
 
De são Benedito, o santo do doce de mamão verde e das festas  na seara
Do cultivo da roça... O tempo, este cultor do esquecimento  não repara
Nas saudades de Izartina, não permite lagrimas e as lembranças passam e passará?!
 


A izartina (Izaltina Maria) destes versos infimos e desusados é mãe deste poeta, (rosara) Rosaria é minha Tetravó que viveu no saco da Raposa. Ubatuba.  Rosaria foi escrava e tornou-se quilombola. Atualmente é reconhecido a existência do Quilombo da Caçandoca na mesma região. A criança da foto é bisneta de Izaltina.
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 17/03/2010
Reeditado em 17/03/2010
Código do texto: T2143866
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