E assim segui...
O mundo me atropelou,
passou ventando por mim, levando tudo que sou,
rasgou a pele, feriu a alma, levou a alegria que um dia sorri.
A minha volta, nada mais sobrou, a não ser à noite falando do fim.
Na boca, um grito seco emudeceu,
no peito, o coração sangrando ainda soprou a dor,
o chão abriu e o abismo que tanto evitei engoliu tudo que acreditei,
chorei... a verdade sumiu na fumaça do cigarro que apaguei.
Onde estão os anjos que meus sentidos acolheram?
Onde estão as asas que me levaram pra longe daqui?
O trem passou pela estação e não vi, levou a alegria em si,
calou minha voz, nas verdades que sonhei e no silêncio me perdi.
Tentei um tom, entre tantos sustenidos que conheci,
vi meu som morrer no lamento esperado onde o mal vi surgir.
Não quero mais as divindades sombrias abrindo asas sobre mim,
o chão permanece aberto sob os pés que feridos eu vi.
E assim, vôo...
Saio do contexto, digo não às atrocidades,
viro as costas, dou a tudo um fim e apenas amo.
É assim que sei viver...
23/07/2006