Meu amor...
Meu amor
Foi tão de repente que o vento soprou
E em mim nesse instante meu coração te amou...
Como te ama até hoje com alegria, certeza...
Passe o tempo, mas não passa você, Princesa...
Sinto tão forte que esses nossos dias são
O prosseguimento de vidas, de uma paixão...
Algo assim indescritível, brilhante, espetacular,
Como foi nosso reencontro, forte, milenar...
Quando fecho meus olhos viajo como divindade,
Volto em cenas que não mentem, são de verdade...
Vivemos pelos vales, amei-te sob o céu, minha estrela,
Te perdi em breves mortes, mas consegui revê-la...
Me lembro da tua dinastia que te fez rainha,
Porque fui teu Faraó, que te tornou minha...
Mas já fui escravo e já derramei sangue mortal...
Morri triste, pois me separei de ti, mulher especial...
Já atravessei solitário, vidas e desertos,
Já convivi com as noites e os dias incertos...
O plano material nos afastava por momentos,
Esses foram meus piores, terríveis tormentos...
Recordo em sonhos quando sob a luz da lua
Tu me disseste entre beijos e suor: - Sou tua...
Foram tantos os séculos em que isso se repetiu
Até que num dia medieval tu, meu amor, sumiu...
Agarrei-me com o vazio, o silêncio gritava em mim,
A solidão me atormentava, sentenciava: - Fim...
Vivi vidas em que não vivi... Chorei, implorei, pedi...
Foi em vão... Meu olhar sem brilho não te tinha mais aqui...
De tristeza em algumas vidas matei a mim mesmo,
Meu corpo, meu espírito não conseguia viver a esmo...
Tentei continuar sem ti tentei amar outras almas,
Nada em mim mudou, fui meu engano, criei traumas...
A vida que não espera, continuou sua estrada,
Continuaram minhas encarnações sem minha fada...
Ainda me lembro da penúltima vez que nasci,
Lembro-me de que na meia-idade sem ti, morrer, preferi...
Mas tive que nascer de novo, corpo frágil, mente doente,
Mas sabia que eu era forte, que não era comum, era diferente...
Tirei dentro em mim força, paciência, aliada a sensatez,
Eu não podia fracassar mais! Não mais esta vez...
Então olhei para a luz, tomei amor, coloquei em meus ombros
Todos os meus erros, todas as minhas mortes e seus escombros...
E nas mãos tomei de minha espada que guardei, silenciei
Pedindo perdão por não perdoar todos a quem então perdoei...
Perdoei a mim, alcancei e enfrentei todos os meus medos,
Fiz dos meus gestos bondade e bem com meus trêmulos dedos...
Um dia as mãos pararam de tremer, a doença se foi embora,
A alma encontrou equilíbrio, era chegada a hora...
Então um dia, desses comuns, senti um perfume no ar...
Senti medo, mas minha coragem foi maior, quis olhar...
Então eu vi... Ainda que as lágrimas dificultassem, eu vi!
Eram os séculos de alegria, os momentos em que me perdi...
Tudo ao mesmo tempo! E foi nesse momento que meus lábios
Ainda que tímidos, sorriram e foram leves, sábios
E levaram até ti palavra quase sem significado,
Eu precisava confirmar que era ti novamente ao meu lado...
E era! Pele de seda, perfume de mulher, essência de amor...
Em teus olhos fogueira e luz... Brilho, doçura e... Calor...
Assim como te reconheci, tu já o havia muito antes de mim...
Mas o Alto queria que fosse eu a te prestar louvor, foi assim...
Assim que hoje eu te amo, assim que hoje eu choro, agradeço...
Porque por tudo que nas vidas eu já passei, uma não esqueço...
O quanto foi difícil estar aqui e ter conseguido sobreviver,
Mas sei que valeu a pena lutar sem armas, dar-me a sofrer...
Hoje, perplexo abro as grades da minha vida e saio da minha cela
E sei que não preciso mais tentar a alegria olhando pela janela...
Hoje o céu estrelado tem outro significado, o jardim cor...
Hoje tudo é diferente, porque tenho de volta a Lu, meu amor...