DÁDIVA E COLHEITA

Dá-me tuas mãos gélidas.

Dádivas pra quem colhe

cachos de uvas.

Doces, luzidios azeviches

deitados em velhos cestos.

Cernes trançados ao tempo

dos incestos de infância.

Dá-me tuas mãos pulsantes,

suadas de noturnos orvalhos.

E encosta no meu rosto pálido

o gêmeo colo das maçãs.

Dedos entrelaçados

nunca produzem vinagres.

É doce o suor das vinhas

e o sumo das maçãs.

Tudo ao tempo de colheitas.

MONCKS, Joaquim. BULA DE REMÉDIO. Porto Alegre: Caravela, 2011, p. 59.

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