O dia que te vi

À Joyce Leal

Soneto I

O céu hoje está pesado,

E a chuva lá fora rebenta,

A ansiedade me esquenta

Deixando-me animado.

Prejulgamos um contratempo,

Nosso encontro seria proletado,

O universo parecia desvairado

Querendo nos impedir a tempo.

Só que antes da gente se encontrar,

O mundo inteiro precisava se alinhar

A fim de evitar um cataclisma.

Vejo que a chuva virou sereno,

E o clima lá fora mais ameno

Passa a mostrar seu carisma.

Soneto II

Nossas almas fizeram um contrato

Antes mesmo de nos conhecermos,

Sem estabelecer muitos termos,

Apenas aceitando o que é fato.

A natureza se viu imunda

Diante da nossa comunhão...

E rogou por uma purgação

Para sua tristeza funda.

A terra se lavou em pranto,

E depois entoou um canto

Para toda a ordem que nos via.

Nossos olhares se cruzaram,

E um pelo outro arfaram

À profusão que entre nós havia.

Soneto III

Ver-te assim ao meu lado,

É contradizer uma impossibilidade,

Mesclar o onírico à realidade

Sem haver nada de errado.

Comedido eu te contemplava...

E meio apreensivo me consumia,

Algo por dentro me contorcia,

Uma multidão em meu peito se agitava.

Reduzi-me a ações retraídas,

Ainda sinto bem as feridas

De agir pela impulsividade.

Não sei se pessoalmente lhe agradei,

Mas eu certamente me impressionei

Com a grandeza da tua humildade.

Marcos Paulo Silva
Enviado por Marcos Paulo Silva em 09/03/2010
Código do texto: T2128872
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