Sinais
Em toda vez que estás na rua,
no vai-e-vem da avenida,
tu não percebes os sinais que o amor te diz.
Pelos cães abandonados
que passas sem notar
eu te busco nessa dor
de cada olhar...
Nas sacadas, onde mora a solidão,
tu não vês que em cada flor que se rebela...
A primavera escreve um verso para ti.
Dos varais que se equilibram
sobre os prédios,
nas roupas que tremulam ao vento
vertendo lágrimas coloridas,
sou que aceno e choro quando passas...
Nas três luzes do semáforo eu te chamo!
Sou eu quem grita nas buzinas
enquanto escreve, com andorinhas,
na pauta dos fios de luz.
a partitura dos teus passos musicais.
Na palmeira que perde as folhas
quem se desfolha sou eu
em cada poema que se suicida a teus pés.
No bem-te-vi que te desperta em todas as manhãs
sou eu que bem te vejo
desde onde não me vês.
Ah! Se decifrasses os sinais que te envio
e não vês por onde passas...
Se soubesses ler, na metafísica que grita,
a poesia disfarçada...