Palavras

As palavras me fogem

Como o cordeiro do lobo.

Talvez não tenham coragem

Para lhe encarar.

Talvez lhe sejam temerosas

Ou prefiram permanecer ocultas

As palavras me roubam a paz,

Esmagam o meu ego,

Escondem-se de mim

Para me atormentar de longe

Surram o meu corpo

E despem-me a alma.

As palavras me deixam a sós com você

Ah, são tão covardes!

Agitam-me a cabeça

Escravizam-me em si

Fazem-me pensar certo

Mas deixam-me falar errado

As palavras têm difícil temperamento.

Se não sentimos,

Vêm-nos aos montes.

Mas se sentimos,

Que estranho, fogem-nos.

Fala-se

Mas não se sente!

E agora sinto,

Mas não falo.

Resta-lhe apenas ouvir o som.

O som dessas palavras mudas!