Ventos de Mudança
Cibele Carvalho

Sou assim, como você me vê.
Alma desnuda da cabeça aos pés,
no afã de mostrar-me pra você.
Exponho os meandros do meu ser,
e mostro tudo, tudo dou a ver.
Sou uma pedra multifacetada
que foi, pela vida, lapidada.
Tive cada aresta aparada,
há poucas farpas, fui bem cultivada.
Se às vezes, de algum lado sou quebrada
e perco minha forma harmoniosa,
bem rápido sou restaurada
e volto a ter a face equilibrada.
Mas, próximo a essa água plácida,
há um vulcão em vias de explodir
- a lava já começa a sair -
e sou queimada pela chuva ácida.
Seu fogo interior me abrasa,
faz do meu corpo, sua casa,
domina corpo, coração e mente.
A pedra tem sua forma ameaçada,
está prestes a ser estilhaçada, triturada, esmagada,
dominada pela paixão que sente.

RJ,09/02/2010