Feitiço

Minha boca contorcida

pelo cigarro de palha.

Os meus sorrisos dardejam

no reverso da medalha.

Léguas de vento e de espera

onde só moram saudades.

Será que hoje é primavera?

Será que eu cheguei tão tarde?

Uma janela de barro

meio aberta no caminho.

Eu me perdi numa rosa

ou na espessura so espinho?

Teus sonhos em meu quebrantos

inaugurando meu dia.

Será que eu bebi teu pranto?

Será que eu virtei poesia?

Teu sinal em minhas lendas

teu poder é teu feitiço

as passagens, risos, prendas

ao meu ouvido postiço.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 05/03/2010
Código do texto: T2121970