Feitiço
Minha boca contorcida
pelo cigarro de palha.
Os meus sorrisos dardejam
no reverso da medalha.
Léguas de vento e de espera
onde só moram saudades.
Será que hoje é primavera?
Será que eu cheguei tão tarde?
Uma janela de barro
meio aberta no caminho.
Eu me perdi numa rosa
ou na espessura so espinho?
Teus sonhos em meu quebrantos
inaugurando meu dia.
Será que eu bebi teu pranto?
Será que eu virtei poesia?
Teu sinal em minhas lendas
teu poder é teu feitiço
as passagens, risos, prendas
ao meu ouvido postiço.
Marilia Abduani