Coração de papel e chamas

O mancebo esconde em si um nobre coração...

Resguardado (para o bem) de qualquer paixão.

É diligente o garoto, pois de que outra maneira

Seria salvo seu frágil fardo tão igual ao papel?

Quando vem o amor, inflam'alma dos subjugados!

Vislumbra-se, não se controla, os atos guiados

Por energia de combustão que não se pode ver!

Resigna-se ao imbatível. Consolida-se o laço!

Abandona o cárcere o fardo aprisionado,

Quer no vigor das chamas ser afogueado!

Deixe-o queimar até o fim! Que seja ali...

O féretro preparado para o seu final!

Tomado por esse descontrole bestial...

Suba a última cinza ao céu! Carregada de toda pureza e dor...

Que somente conheceu quem já amou.

[Aguarda dessas cinzas, garoto, um novo coração.]

Raphael de Oliveira
Enviado por Raphael de Oliveira em 05/03/2010
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