ACASALOS
Para ela, todos os lagos veneram o azul pelo cristalino das águas, pois vem dos olhos da mulher amada a sonoridade estalante do luar Ela é a canção esparramando frutos pelos acordes dos pecados que molham a sexualidade dos anjos Ela é o triunfo de um amor que resiste às badaladas sinistras dos rituais em que as bruxas martirizam machos estabanados de carências Foi só no olhar dela que eu entendi que o Azul responde à alma na confissão do pássaro, como foi só na boca dela que a tenrice encontrou sentido ao moldar meu sexo como o metal esculpido do mel
Não existe porta para o ir,
pois apenas a presença d'ela
distingue realeza
aonde a tristeza é uma bola
jogada pelos sapos do caos
Eu não confio mais na estrada,
como pleitear o futuro
se agora o eventual é decreto?
Como não decifrar os sinais
se a ave sagrada encontra a estrela
no lugar em que ela
dedilha no meio das coxas
a harpa cuja música levanta acasalos?